Jornada Artística
Textos, divagações, poesias, inspirações, filmes, fotos e o que mais eu achar para arte que experimento dia a dia.
quinta-feira, 24 de julho de 2014
Filme Janela da Alma - palavras do José Saramago
"....vivemos todos numa espécie de parque audiovisual. Onde os sons se multiplicam, onde as imagens se multiplicam. Onde cada vez mais nos sentimos perdidos.
Perdidos em primeiro lugar de nós próprios, em segundo lugar perdidos com a relação com o mundo. Acabamos por circular por aí sem saber muito bem o que somos, nem pra quê servimos, nem que sentido tem a existência...."
Perdidos em primeiro lugar de nós próprios, em segundo lugar perdidos com a relação com o mundo. Acabamos por circular por aí sem saber muito bem o que somos, nem pra quê servimos, nem que sentido tem a existência...."
Oração do Caminho
Estar inteiro durante
todo o caminho, cuidando da intenção e atenção.
Contorno, linhas
tênues, pulsação interna.
Caminho do corpo
percorrido pela vida.
Sem ser arrastado.
Objetos que estimulam
seus sentidos e a sua atenção e você sai correndo atrás.
Solta, desconectada,
fraca.
Onde está o seu
coração nesse caminho?
Onde está a sua
mente?
Conexão, silêncio,
entrega.
Liberdade de ser quem
você é.
Moiras
Na mitologia grega, as Moiras (em grego antigo Μοῖραι) eram as três irmãs que determinavam o destino, tanto dos deuses, quanto dos seres humanos. Eram três mulheres lúgubres, responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos. Durante o trabalho, as moiras fazem uso da Roda da Fortuna, que é o tear utilizado para se tecer os fios. As voltas da roda posicionam o fio do indivíduo em sua parte mais privilegiada (o topo) ou em sua parte menos desejável (o fundo), explicando-se assim os períodos de boa ou má sorte de todos. As três deusas decidiam o destino individual dos antigos gregos, e criaram Têmis, Nêmesis e as Erínias. Pertenciam à primeira geração divina (os deuses primordiais), e assim como Nix, eram domadoras de deusas e homens.
As Moiras eram filhas de Nix (ou de Zeus e Têmis). Moira, no singular, era inicialmente o destino. Na Ilíada, representava uma lei que pairava sobre deuses e homens, pois nem Zeus estava autorizado a transgredi-la sem interferir na harmonia cósmica. Na Odisseiaaparecem as fiandeiras.
O mito grego predominou entre os romanos a tal ponto que os nomes das divindades caíram em desuso. Entre eles eram conhecidas porParcas chamadas Nona, Décima e Morta, que tinham respectivamente as funções de presidir a gestação e o nascimento, o crescimento e desenvolvimento, e o final da vida; a morte; notar entretanto, que essa regência era apenas sobre os humanos.
Os poetas da antiguidade descreviam as moiras como donzelas de aspecto sinistro, de grandes dentes e longas unhas. Nas artes plásticas, ao contrário, aparecem representadas como lindas donzelas. As Moiras eram:
- Cloto (Κλωθώ; klothó) em grego significa "fiar", segurava o fuso e tecia o fio da vida. Junto de Ilítia, Ártemis e Hécata, Cloto atuava como deusa dos nascimentos e partos.
- Láquesis (Λάχεσις; láchesis) grego significa "sortear" puxava e enrolava o fio tecido, Láquesis atuava junto com Tique, Pluto, Moros e outros, sorteando o quinhão de atribuições que se ganhava em vida.
- Átropos (Ἄτροπος; átropos) em grego significa "afastar", ela cortava o fio da vida, Átropos juntamente a Tânato, Queres e Moros, determinava o fim da vida.
Fonte: Wikipédia
Breviário sobre o corpo
Escola Angel
Vianna - Rio de Janeiro 2014
“se este decifrar é lento, posso
gastar uma vida inteira nisso...”
Corpo, liberdade de experimentar
o mundo, a vida.
De alguma forma como um peixe é
abatido, pouco a pouco fui sufocado.
Nadar, na praia o tempo não
passa, sentir a água escorrendo durante o banho. Prazer, brincadeiras na chuva:
primeiro as gotas e depois aquela chuva grossa que parecia alfinetes na pele. A
piscina era um mundo. Nadar de uma borda a outra, movimento sincronizado dos
braços com a respiração, quando a cabeça virava para o lado direito, respira.
Mergulhava bem fundo escutava um silêncio. Silêncio que me atrai mas se me
distraio, fujo. Ir descendo rapidinho e voltar mais rápido ainda para o fôlego aguentar. Água! Água! Água! Muita
água. Corpo é água. Beber água é um prazer, sensação fresca descendo a
garganta, às vezes vai com tanta sede ao copo d’água que engasga.
Medo, medo, medo! Corpo com medo
se acua, tenta não explodir de tanta pressão, pressiona o peito, as costas, os
pés, no meio dos olhos, na nuca. Afrouxa! Afrouxa! Corpo respira, respira,
respira. Respira!
Se vira para dentro, dentro do
corpo... se deseja como é, se apaixona pelo interior.....CORPO. Segue o fluxo
interno, de desejo, de descoberta, de olhar por dentro das vísceras, através
dos olhos, dos lugares secretos, das coisas que foram por propósito, ou sem
propósito, por experimentar. Pra quê se preocupar? Aqui dentro tá quente. Precisa
de mais água. Corpo e Água.
Experimenta o que não é aceito, o
que o corpo acha que é certo? O que ele faz quando chega a primeira amarra. Amarra! Amarra! Amarra o
sexo! Qual o prazer que o corpo sente?
Sente os dedos no sexo, na saliva, de novo a água, no canto da boca, língua no
canto da boca. Sexo acua, chama, amarra, possui, despe, molha, cabeça gira,
respiração pausada, respiração longa, desejo, sobe desce e sobe mais rápido,
gozo, água.
Pensa no conteúdo do corpo. Está
tudo misturado, pensa em esvaziar, o que está dentro tem que aparecer fora.
Percebe a verdadeira expressão do corpo....quase....passou perto. Não julga que
aparece mais fácil. Relaxa os músculos, a face, os ombros. Solta os ombros!
Corpo não tenciona, não precisa! Se abraça, abraça as costas, os ossos das
asas. Abraço o abraço! Não fica com medo. Vamos tentar de novo.
Vulnerabilidade. Pele, partes mortas da pele, partes que se calaram, não tinham
nada pra mostrar.
Os encontros às vezes causam dores.
Os encontros. Encontro. Encontro o
encontro. Partes do corpo quando se encontram sentem muitas dores. Corpo
anestesia a dor, sobrevive a raiva, ao rancor, a decepção. Não sente, tudo
bloqueado. Não passa pela dor, mas também não passa pelo amor.
Abre espaços, deixa ir, larga,
desapega. Passou...
Pedaços esquecidos do corpo,
ficaram doloridos. Não foca na dor, corpo! Foca no amor. O amor precisa de
espaço. Liberdade para amar.
A farpa entrou no dedo, finge que
não sente. Tenta fingir que não é com você. Incomoda? Incomoda. Está ficando
pior. Não se desespera. Já estou. Dentro do meu corpo tem algo não
reconhecível, não aceito. Tá invadindo o corpo. Desespero. Sente o desespero,
mas respira fundo e vai pra cirurgia, na carne, vermelha, sangue. Retira aquilo
que te invade. Alívio. Algo desbloqueou, corpo espaço. Pensa. Processo de não
poder fazer nada até fazer. Enquanto não tira aquilo de dentro do corpo fica
remoendo. Preso em si, o corpo não caminha, desespera no incomodo.
A boca não para, fuma, bebe, água,
chiclete, fala, pensa que fala. Cadê o leite que não me deram? Sede, muita sede, muita sede, boca.. Segundos passam por tantos lugares, corpo é mundo, o mundo no corpo.
Olha de novo, olha por dentro e
precisa mudar, muda corpo. Está fervendo, por dentro das entranhas, vai ferver
o cérebro, os olhos ardem, o peito aperta. O conteúdo da está fervendo, vai explodir. Respira, respira!
Amarra mais um pouco! Se recua.
Não se expõe. Fecha essas pernas.
Sai da brincadeira. Cobre o
corpo, protege o corpo, amarra o corpo. Fecha! Fecha!
A fome continua crescendo. A
barriga ronca, é sede não é fome!
Bebe água! Deixa sair. Desentope!
A água puxa tudo no redemoinho das entranhas;
Cadê o coração? Não escuta o
coração bater?....Bate coração, bate coração, bate coração.
Tô tentando escutar.
Silêncio, por favor.
Coloca as mãos no peito para
sentir o compasso do coração.
Tem que achar o coração.
Será que o coração se perdeu? Ou
só está calado? Mudo? Rouco? Perdeu a voz?
Coração se mostra. Um
pouquinho...
Parece que ele bateu
acelerado...isso, faz isso, você pode!
Se solta coração, ama, pula,
vibra, vem pra vida. Bate! Bate! Bate! Coração pode bater!
“Oi Tum, Tum, bate coração! Oi Tum
coração pode bater....Que eu morro de amor com muito prazer.
Coração. Cara. Viagem. Carro.
Estrada. Vulnerabilidade. Estar. Amada. Morte. Fim. Começo. Entrega. Desfazer.
Outro. Movimento. Direção. Intimidade. Sensação. Dia. Ligação. Ritual.
Madrugada. Competição. Tempo. Respeito. Bonito. Olhar. Culpa. Coisas. Tranquilo.
Conversa. Fala. Qualidade. Presença. Diferente. Perene. Constante. Relação.
Curiosidade. Decisão. Conserto. Justo. Egoísta. Amizade. Conversa. Vento.
Forma. Escrita. Processo. Limite. Momento. Garantia. Usado. Colocar. Achar.
Resalva. Palavra. Formar. Fuder. Drenar. Energia.
As asas foram podadas, não pode
voar, se atrofiaram.
De onde as asas nascem tem um
machucado, dói, é um machucado que nunca sara.
O corpo esquece das asas, mas não
se esquece da dor.
Se esconde por dentro do corpo e acaba
se perdendo no labirinto, presa, presa dentro de si. Não tem voz, não tem nada
que faça que chegue do lado de fora.
O braço não chega aonde deveria
chegar. Aonde o corpo deveria chegar? De
alguma forma consegue colocar a cabeça pra fora, mas não é suficiente. O coração
vibra e a sede aumenta. Se pode colocar a cabeça pra fora, todo o restante pode
se expor. É assim como o bebê, depois que sai a cabeça tudo fica mais fácil.
Onde está a fluidez do corpo? Sente,
puxa, corpo se puxa. Respira.
Pernas presas, acorrentadas, como
se levanta? O mundo está em cima do
corpo.
Usa as mãos para pedir socorro. A
mãos para se desenrolam do emaranhado...... de ideias, de pessoas, de
julgamentos, de medos.
Sai, sai de cima do corpo. A mão
ajuda, mas não tem força pra tanto, tem peso, a mão faz carinho. Alisa as
costas, como se fosse um bebê que chora. As mãos afagam, se comprometem, elas
juram amor eterno. Mente! Casca que se remove, como cebola. O corpo fica leve
feliz, pulsante, mas ainda dói profundamente. Transforma.....Pensa na cebola, foi só a
primeira casca.
Geme de dor. Sai som.....pela
garganta, abre espaço. Abafa o grito. Segura a vontade de gritar. Não consegue
mais, vai ter que sair. Ahhhhhhhhhhhh! Grito que sai das entranhas, no fundo
das costas e passa pelos pulmões, pela
garganta e expande além da minha cabeça.
O corpo cansou de sobreviver e
quer VIVER.
Como um corpo vive? Corpo. Vida.
O sol tocou a pele, a energia do
sol ultrapassou a pele. O dia consola o que a noite rasga, passa as mãos nas costas,
se protege do sol. O corpo gosta da pele no sol, as entranhas relaxam, a raiva
relaxa, o fogo fica só até a pele, por dentro esfria.
Mar, gelo, penetra.
Pele, penetra.
Sol, penetra.
Pulmão – correcorre da vida. O ar
que penetra a minha pele. Fios de um balão que voa alto, solitário, feliz.
Tato. Contato. Com tato, tato.
Pele. Esfregar as mãos, pele com pele.
Olha a natureza no corpo. Olha a
natureza do corpo. Vento. Coração com as
portas abertas, não fica com medo! Levanta as cortinas. Olho com os olhos
vivos, não morre. Deixa brilhar! Medo da luz era lá atrás, agora pode
brilhar...
As árvores dançam e você tá parado. Os bichos
dançam e você tá parado. Os cabelos
estão dançando. Sacode a cabeça. Mexe os cabelos, a cabeça, faz, viajar,
relaxar.
A cabeça só pode carregar ela, não
sobrecarrega.
Abre os olhos. Acumulo de
informações, soltas, fios soltos, linhas curtas, frouxas, cria novas conexões,
se expande, varia as linhas, os acessos. Sufoca o corpo de informações, tira as
linhas emaranhadas, desfaz os nós, sem se prender, sem se sufocar. Coloca a
energia pra circular. Os espaços que ganha quando responde, ganha
possibilidades.
Propriedade: CORPO. Não se
distancia. Escuta o que ele te diz. Se carrega de volta, passo a passo, sente
os pés, as pernas. Ufa! Uma etapa.
Se tem algo que repele já não
quer mais, frio dentro dos braços. Se entrega. Não foge. Abre a porta do
coração. Não deixa ele ficar mudo de novo.
Acumulou nos cantos do corpo,
esse enigma, esse decifrar, esse tesouro. Mas se todas as respostas estão
dentro do corpo, mas mascarado para os
piratas não encontrarem as pistas do caminho sagrado, do amor. Estão aqui,
mapeadas no corpo. Segue mente, o seu corpo! Se reconhece nele, mergulha no
corpo, nas entranhas. Compartilha o corpo do corpo esquecido e do corpo achado.
Descobre o ritmo, coração já canta a música, está lento, mas deliciosamente
encantador. A energia cresce...as pernas pulam, o resto do corpo até tenta
ficar imóvel mas não consegue, tem horas que todos se unem: alegria.
Qual é a história do corpo?
Conseguiu chegar até aqui, guardando todas as histórias, mas a bagagem ficou
pesada e agora ele tem que escolher o que deixar pra trás, o que trocar, o que
reciclar, como transformar tanto lixo em luxo de si.
Reconhece.
A vida não vai te esperar, não
tenta parar para decifrar, continua caminhando....corre um pouco, não por causa
do relógio, pelo ritmo. A ânsia do peito aberto. Abre. Olha pros pés, correr é
difícil, tenta um pouco, tem que tudo se conectar pra correr ninguém pode ficar
parado dentro do corpo. Entra no fluxo.
Se entrega. Tá resistindo, corpo.
Se a mente quiser controlar, vai perder. Colapso! Tenta. Tem preguiça, que
começa pela cabeça amedrontada, foge. E os pés correm. Tenta parar. Medita se
der. Só não finge, não se engana. Se for pra esquerda, vá de verdade. Corpo?!
Não escuta a mente, sente a comunhão.
Olha! Expressa o olhar das
coisas, olha as pessoas, o formato das
coisas, o olhar expressa o que sente, o que vive. Tristeza e o olhar
entrega.....Mente e o olhar, denuncia. Não deixa as janelas se fecharem. Não
tenha medo dos ventos. Escuta, ouvidos do coração. Corpo gosta de ficar
olhando, gosta de tudo que olha......esquisito, assustador, tudo fixa o olhar,
gosta de ficar olhando o outro. Olha o outro. No outro se olha. O olhar olha em
si o olhar do outro. Outros se olham. Mas o olho do corpo é como se nunca
tivesse visto.
Sente os seus pés corpo. Arde!
Arde a raiva nos pés.
A mão se fecha, segura forte os
poucos fios que ainda tem. Não fica com medo! Não precisa.....confia! Abre as
mãos, abre os dedos, deixa espaço pro vento passar. Crescem os dedos!
Ventre. Enverga pra cobrir o que
você tem pra mostrar, exibe o umbigo, pra frente. Isso. Se mostra. Gosta tanto
que se joga pra trás. Corpo exibido! Só quer saber de se mexer. De se sacudir.
Cansa não, corpo?
Umbigo: deixa o passado no lugar
dele, passado. As costas deixaram de fabricar pontes e agora criam empecilhos
para exibir a barriga. Ela morre de vergonha de se mostrar. Ahh! A barriga não.
Já tirei todas as amarras. Tá tudo certo. Esconde, se esconde. Se expõe. Tem
que decidir. Decide.
Pernas fortalecem as decisões
tomadas pelo coração. Ei corpo você continua escutando o coração?
Ouvidos escutam o coração ou a
mente? A Mente, mente falou a mente. E o coração, age. Coragem.
Alívio/violência – contraposição
utopia ambíguo dúbio
Quadril, virilha, abertura,
criatividade.
Onde sente a vida, corpo? Aquela
vida que faz vibrar, vibra todos esses seus pedaços. Corpo de pedaços, pedaços
esquecidos, anestesiados, cansados. Busca a força transcendental no movimento,
um impulso certeiro de realizar. Vida, que uma vez no corpo, tudo acontece sem
esforço. Sem exagero. Vai no fluxo da abundância e das sincronias. Quando
percebe, o corpo está ali tentando criar espaços, espaço interno, pra crescer o
divino, o feminino, a gestação, a maternidade. Corpo de menina. Corpo de
mulher. Corpo de velha. Todas num corpo são.
Depois que se desprende um pouco,
o corpo avisa a todos, é pra lá que vamos! Impressionante como o corpo sempre
sabe o caminho, a mente cria muitos caminhos, o corpo não. Antes a mente não competia com o corpo,
estavam juntos na jornada, agora qualquer coisa que o corpo faz a mente julga. Para
com isso menina, vocês são iguais, só tem beleza se, se unirem. Se unam.
Esqueçam as intrigas, as verdade. Se
aproximem e compartilhem a maravilhosa viagem da vida.
Abaixo dos pés. Como pisam os pés
no chão pisado.
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